6 perguntas a... Joaquim Teixeira

Joaquim Teixeira é um dos pilotos portugueses mais experientes no que ao Campeonato de Portugal de Montanha JC Group diz respeito. Apesar de só se ter disputado uma prova do Campeonato este ano, devido à interrupção forçada afecta à pandemia do novo Coronavirus - Covid 19, o piloto do Seat Leon é líder da tabela classificativa na categoria Turismos e na categoria Turismos - Divisão 4.

Quisemos saber a sua opinião sobre os dias que estamos a viver atualmente.

1. De que modo é que esta pandemia, que levou ao adiamento das provas desportivas, vai alterar o futuro do desporto automóvel nacional?

Vai alterar muito. Vai anular e alterar muitas provas, isso vai ter implicações a nível de projetos porque alguns dos apoios que se tinham conseguido, neste momento, não vão ser possíveis. As verbas vão ser canalizadas para outros fins que esta pandemia causou. Também vai mudar a mentalidade que existe neste momento, porque todos os organizadores pretendem realizar as provas entre Abril e Setembro, e isso tem condicionado o desenvolvimento dos campeonatos, concretamente no Campeonato de Portugal de Montanha JC Group. Esta redução de meses condiciona os pilotos, equipas e tudo o que gira à volta dos campeonatos, pois desprezam metade dos meses do ano. Ao terem de realizar as provas nos meses de Janeiro a Dezembro (em 2020 terão de as realizar nos meses de Agosto a Dezembro) abre uma nova visão que afinal se pode realizar os campeonatos durante todo

s os meses do ano e com isso, conseguir mais fins-de-semana que irá permitir não ter tantas provas em cada um. Pelo menos por isso, pode ser positivo.

2. Neste período de confinamento o que tem feito para passar o tempo?

Desde dia 16 que estou em teletrabalho, porque a minha empresa, a EDP, colocou grande parte dos colaboradores (os que não são operacionais de terreno) a trabalhar em casa, o que penso foi uma boa medida para impedir o contágio, embora tenha muitos colegas que estão no terreno a trabalhar  porque têm de manter o apoio aos clientes todos os dias.

Ao manter o meu horário normal de trabalho, das 08h00 às 09h00 faço exercício no ginásio que tenho em casa, depois de tomar um banho relaxante, vou para o meu escritório (casa), ligo o computador iniciando as tarefas que posso fazer a partir de casa. Mantenho-me em teletrabalho até às 18h00, fazendo alguns intervalos.

Não tem sido fácil, porque ao fim de uma semana começa a ser restritivo o confinamento, principalmente para mim que sempre fui ativo e gostei de viajar e sair de casa.

No entanto,  sei que é a melhor maneira de ultrapassarmos esta pandemia, que infelizmente penso não será resolvida nas próximas semanas ou até meses.

3. Também já aderiu, como a maioria dos pilotos por todo o mundo, ao SimRacing?

Não. Sinceramente acho que pode ser muito apelativo e uma boa maneira de passar o tempo nesta restrição de provas, é uma boa maneira de se treinar algumas provas, principalmente de circuitos, mas para mim, não é a mesma coisa que provas reais.

No entanto, acho uma boa iniciativa que foi tomada para os pilotos e os que não o são, passarem o tempo e divertirem-se. Não é das coisas que me satisfaz,  o que gosto é de pilotar um carro rea,l não virtual.

4. Acha que esta é uma modalidade que deve ganhar espaço no nosso desporto?

Sei que muitos não vão concordar comigo mas esta modalidade poderá ser tratada como pistas SCX, mas nunca como um campeonato, pois isso seria desprestigiante para os campeonatos reais, onde existe público, equipas, carros, pilotos, autarquias, clubes, e todas as contingências reais de uma prova.

Nunca podemos querer que esta modalidade de SimRacing tenha tratamento idêntico a campeonatos reais.

Pode ser muito bom para quem não tem orçamentos ou possibilidades de correr na realidade e assim ocupa-se na modalidade virtual, mas nunca será o mesmo, pois falta a adrenalina da presença de público, o contacto real em pista, e todas as sensações que temos em provas reais.

5. Acha que o convívio social futuro, vai ser diferente do atual? Vamo-nos passar a comportar de forma diferente?

Sim, penso que principalmente nos próximos meses o nosso comportamento será diferente, principalmente a nível de convívio social, as pessoas terão receio de estar em ajuntamentos.

Mas, com o passar dos meses, o português esquece isso como sempre acontece e volta à normalidade, mas não será nos próximos meses.

Durante algum tempo teremos um comportamento mais individual, mas a nível competitivo, iremos ser tão ou mais do que éramos antes da pandemia.

6. Alguma mensagem que queira deixar?

A minha mensagem é que com a colaboração de todos, pilotos, equipas, autarquias, FPAK, clubes, público, fãs, iremos ser mais fortes no futuro e  espero que o Campeonato Portugal de Montanha JC Group ainda se consiga realizar em 2020 mesmo que não seja com as oito provas, se alguma se tornar inviável por datas ou apoios, pelo menos com a maioria delas. Estou certo que quando regressarmos o faremos de forma mais forte, porque o que nos une a todos é o prazer de praticar desporto automóvel em geral e de Montanha em particular.  Espero que a prova do Europeu e do Masters que tínhamos este ano, se não se puderem realizar, que se mantenham em Portugal em 2021.